quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Por Pe. José Eduardo

Vocês já notaram que a "opção preferencial pelos pobres" foi desaparecendo ou se ressignificando no vocabulário da TL? Isto se deve a dois motivos principais:
- em primeiro lugar, à compreensão que o movimento revolucionário teve de que a "revolução sexual" era mais importante do que se imaginava a princípio, pois chegaram à conclusão de que era a família, e não propriamente a propriedade privada, a origem da psicologia do poder, verdadeira causa da desigualdade sócio-econômica.
- em segundo lugar, ao fato de que, com a ascensão dos partidos socialistas ao poder na América Latina, falar sobre os "pobres" seria um "tiro no pé", e isto para qualquer uma das facções comunistas. Como eles louvam dia e noite o presumido fato de que retiraram não sei quantos milhões da pobreza, teologar sobre ela seria um contra-senso, uma anti-propaganda.
Contudo, como dizia Marilena Chauí num seu odioso vídeo, o discurso TL-petista tem um vício que contradiz seu intento revolucionário: dizendo ter melhorado a vida do pobre, o único resultado que alcançaram foi expandir a classe média, a pseudo-burguesia que eles tanto odeiam.
Por isso, era necessário encontrar um novo tipo de "pobre", pois não serviriam mais os tais "despossuídos" das décadas de 80 e 90. E eles o encontraram naquilo que Gramsci chamava de lumpemproletariado, aquele estrato maltrapilho (moral e economicamente) da população, que sempre existe e existirá em qualquer sociedade.

Os novos pobres são os gays, as prostitutas, os delinquentes, os pervertidos morais, os cultivadores de lixo cultural, da anti-arte, os satanistas, enfim, aqueles que sempre foram considerados elementos desagregadores da sociedade.
Além destes, para dissimularem um pouco este horror grotesco, forjaram ainda outro tipo de pobre: a natureza, e aderiram ao discurso ecologista, trocando a "opção pelos pobres" por uma "opção pela vida", não necessariamente humana, e quanto mais se entra dentro do submundo "intelectual" do partido, necessariamente não-humana (os eco-teólogos-libertadores já chegaram a escrever que o homem é um vírus no planeta, e que deveria ser eliminado).
A ironia por trás de toda esta estupidez é o fato de que, pelo menos no âmbito da teologia da libertação, aquilo que se dizia nas décadas passadas quando se alegava que a Igreja sempre optou pelos pobres e não necessitava da TL para fazê-lo (vide o exemplo de S. Francisco e dos frades mendicantes) era que o mérito da TL consistia no fato de ter descoberto o "pobre como classe econômica" como "categoria teológica".
Agora, os fatos demonstram que a alegação era tão falsa como a abordagem teológica mesma. Os pobres são tão descartáveis nela quanto estas mesmas novas suas definições. A única coisa a que se prestam é à aquisição ou manutenção do poder político, utilizando-se a Igreja como instrumento para chegar a ele.
Não se admirem caso dentro de alguns meses as paróquias comecem a ser invadidas pelo lumpemproletariado, e ao seu lado esteja alguém que você nunca imaginou que pudesse estar dentro duma Igreja. Na década de 80, quando as comunidades começaram a ser invadidas pelos comunistas, que até então se declaravam ateus, aquilo parecia impossível. Hoje, duplas LGBT querem batizar seus "filhos", apadrinhar filhos alheios, assentar seus novos nomes transex nos registros paroquiais e até mesmo casarem-se na igreja.
Alguns pensam que isto é casual, "sinal dos tempos". Não o é. São os novos pobres da TL que estão chegando, com Bíblia Pastoral nas axilas e cartilhas da PJ de tira-colo. O discurso está pronto e há quem o defenda. Oxalá estejamos preparados para desmascarar o ardil, e revelar que ninguém está preocupado com eles e com sua conversão, mas apenas em usá-los como instrumento de subversão, de domínio e de permanência no poder. Afinal de contas, se acabarem com o lumpemproletariado, não haverá mais revolução. Urge, então, mantê-los na delinquência moral, e até criar uma "moral" teológica para os manter aí. Caso contrário, também eles aderirão à moral burguesa, cristã, conservadora. E de tal mal, livre-nos Gaia, valha-nos Marilena Chauí.

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